A crise da Cracolândia

Rosther Lopes

A Cracolândia, no centro de São Paulo, é fruto de uma série de políticas públicas equivocadas no combate ao tráfico e ao uso de drogas. A filosofia do politicamente correto e a parcialidade diante do crime abrem espaço para milhares de dependentes químicos que colocam sua vida em perigo e, também, a vida de toda a população. Essa crise nos afetou diretamente como igreja, no 13 dia de maio de 2022, quando a Cracolândia se instalou em nosso quarteirão da rua Helvétia.

Somos gratos ao Senhor pela liderança da nossa denominação, na pessoa do Presidente do SC, Rev. Roberto Brasileiro, e pela liderança do Mackenzie, na pessoa do Pb. Dr. Milton Flávio Moura que, prontamente, nos receberam no auditório da Escola Americana, no campus do Mackenzie, onde temos nos reunido, como igreja [ainda se reuniam lá ao ser redigido este texto].

No primeiro momento, nos dedicamos prioritariamente ao cuidado do rebanho, manutenção do culto e pregação da Palavra. Também, tentamos manter os projetos sociais da igreja. Foi necessário suspender o Projeto de pré-vestibular para jovens carentes, o Projeto de reforço no contraturno escolar e, também, suspendemos o CFM/APMT, em nossa Igreja. Mas, mantivemos o Projeto Dignidade, com o qual atendemos as famílias carentes dos cortiços próximos com cestas básicas e pregação da Palavra. Também, mantivemos a pregação da Palavra na Casa Porto Seguro, onde atendemos moradores de rua do centro. Além disso, temos nos reunido com autoridades municipais. Certamente, temos de esperar no Senhor, que está no controle de tudo.

 Nas Escrituras procuramos consolo e nos perguntamos: Como enfrentar esta crise? A Bíblia diz: "Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam à terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" (2Cr 7.13-14).

Esse texto foi escrito após a edificação do templo. O Senhor sabia que o coração humano se desviaria. Deus fala a Salomão em sonho, à noite, ensinando-lhe sobre o dia da dificuldade e como vencer a crise.

Quando o povo de Deus peca, o Senhor fecha os céus, manda o gafanhoto sobre a colheita e enfermidades no meio do povo. Quando nos disciplina, Deus demonstra seu amor para que o seu povo se volte a ele. 

A presença da Cracolândia em nossa porta representa dias de disciplina, para a cidade e também para a igreja. Devemos revisar nossas atitudes como povo de Deus. Temos abençoado o mundo como deveríamos fazer? Temos orado pela cidade? Temos nos envolvidos com os problemas da cidade? Temos buscado fazer a diferença neste lugar em que Deus nos plantou? Temos nos dedicado a fazer discípulos, conforme o Senhor nos ordenou? Nós nos dedicamos ao Senhor em oração? Fazemos tudo para a glória de Deus? Nossa vida honra ao Senhor? Somos a bênção que deveríamos ser nesta cidade? Que Deus tenha misericórdia de nós, irmãos.

O Senhor disse que ouviria dos céus, perdoaria o pecado e sararia a terra. Deus já sarou o seu povo, em muitas oportunidades. A maioria dos avivamentos foi precedida por momentos de crise. Em todos eles, a igreja se prostrou de joelhos, humilhando-se na presença do Senhor. 

Deus revela que o seu povo deve se humilhar reconhecendo o seu pecado, orar e buscar a face de Deus para ser cheio do Espírito Santo. Esse povo deve abandonar os seus pecados e implorar a intervenção divina. Se esse povo orar, se humilhar, buscar ao Senhor, confessar os seus pecados, se converter dos seus maus caminhos, então, Deus, por sua graça, ouvirá do céu, perdoará o seu pecado, e sarará a sua terra. 

Que reconheçamos a disciplina de Deus. Que reconheçamos que Deus é bom e restaura o seu povo. Que nos humilhemos, oremos, nos arrependamos, mudemos de vida, porque essas são as condições para a restauração. E que, sobretudo, os nossos olhos estejam postos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé, pois ele enfrentou a crise da ira de Deus quando recebeu na cruz a punição pelo nosso pecado. 

Como povo de Deus, reconhecemos que a luta que enfrentamos é uma disciplina amorosa vinda das mãos do nosso Senhor. Contudo, reconhecemos que ele tem o poder de restaurar o nosso amor e a nossa fé em dias tão difíceis. Portanto, reconhecemos que nosso dever é conclamar a todos para que nos humilhemos, oremos, busquemos ao Senhor e experimentemos uma verdadeira e sincera mudança de vida, para que sejamos instrumentos para a transformação deste mundo, por meio da pregação do evangelho, formação de discípulos e realização das boas obras que glorificam a Deus.

Agradecemos a todos os irmãos da IPB que tem orado por nós e tem nos consolado. Que o Senhor seja glorificado nesta situação. Que ele nos abençoe no cumprimento da missão.

O Rev. Rosther Guimarães Lopes é pastor da IP Unida de São Paulo e Presidente da Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação (APECOM).